Como tomar decisões racionais diante das incertezas

Vivemos atualmente em um mundo repleto de incertezas, com interdependência econômica e crescente instabilidade política e social. Esses fatores colaboram para tornar o futuro cada vez mais desafiador, onde alterações no mercado requerem atitudes e decisões que não foram planejadas ou vividas por nós em nenhum outro momento.

Quando sentimos tal incerteza elevada, corremos o risco de ficarmos paralisados e com medo. E isso pode nos forçar a tomar decisões com base em nossas emoções e intuições, ao invés de fatos, planejamento e lógica.

Estar consciente de nossas limitações, fraquezas e medos é um passo primordial e necessário para melhor administrá-los.

O objetivo não é prever o futuro, mas ajudar a descobrir como pensar sobre o futuro, usando um processo simples de 3 etapas para trabalhar com e por meio da ambiguidade (ou seja, pela duplicidade de sentidos ou entendimentos), para tomar decisões cuidadosas e fundamentadas:

  1. Identifique a informação e sua procedência para a tomada de decisão:

Existem basicamente três tipos principais de categorias de informações, que provavelmente confrontamos e nos sentimos obrigados a agir sobre elas:

Dados Atuais: que chamam nossa atenção porque estão atualmente na mídia ou são assunto principal de determinada região e ainda não são totalmente explorados pelo nosso cérebro (Ancoragem);

Dados Contextuais: que têm um desenho ou figura/quadro que pode impactar a maneira como interpretamos tais informações (Representatividade);

– Dados Padronizados: que parecem ter uma forma de apresentação simples, inteligível e rotineira (Disponibilidade).   

Identificar e reconhecer o que cada viés cognitivo desencadeia por cada categoria automaticamente (ou seja, quando não paramos para pensar),  são processos fundamentais para escaparmos de erros e gatilhos mentais.

Mas como assim? Continue lendo que explicarei melhor!

Os Dados Atuais podem ativar o viés da Ancoragem, no qual confiamos e que pode nos levar a superestimar informações novas ou importantes, resultando em tomada de decisão abaixo do ideal, erros de planejamento e muitos outros. Um exemplo clássico é quando adquirimos um produto em promoção mesmo sabendo que está caro!

Os Dados Contextuais podem restringir nosso pensamento e levar a um viés da Representatividade, ou seja, o contexto no qual recebemos os dados afeta a forma como pensamos sobre eles. Por exemplo, “70% de carne moída magra” parece mais saudável do que “Carne com 30% de gordura”. Mas é o mesmo produto, com uma estrutura de interpretação diferente!

Os Dados Padronizados costumam levar à ilusão de agrupamento e ativam o viés da Disponibilidade, ou seja, dados e eventos aleatórios são informações que nos ajudarão a prever um evento futuro. É a maneira de dizer que, se conseguimos lembrar, é porque é importante e ocorre com frequência. Um exemplo disso é quando apostamos em um número que foi sorteado duas vezes seguidas na loteria. Criamos a ilusão de que o resultado poderá ser repetido, porém essa expectativa não diz nada sobre qual será o próximo número efetivamente sorteado!

Mas como vamos avançar depois de aceitar que precisamos de mais informações ou insights para a tomada de decisões?

  • Inverta o problema para identificar o que realmente precisa saber:

Essa etapa ajuda a perceber que não é necessário saber de tudo, mas que é crucial identificar o que é mais importante para tomada de decisões. Para fazer isso, inverta sua solução de problemas. Comece pelo final, ou pelo meio e questione: E daí? O que tenho que saber para entender melhor a situação? Que diferença isso faria? As combinações são infinitas, mas você não precisa identificar e explorar todas elas. A inversão pode ajudá-lo a identificar o que considera essencial para resolver o problema com mais segurança e confiança.

  • Formule as perguntas certas para obter as respostas de que precisa:

Uma maneira prática de avançar é organizando suas perguntas em quatro categorias principais:

Comportamento, Opinião, Sentimento e Conhecimento

Isso garante que você terá o distanciamento necessário para visualizar as informações e uma variedade de perspectivas para analisar com precisão os seus dados. Também lhe dará um contexto melhor para interpretar as respostas:

– As perguntas de Comportamento tratam do que alguém faz ou fez. Elas fornecerão descrições de experiências, atividades e ações reais;

– As perguntas de Opinião verificam o que alguém pensa sobre um determinado assunto, ação ou evento. Elas podem atingir os objetivos, intenções, desejos e valores das pessoas;

– As questões de Sentimento abordam como alguém reage emocionalmente a um tópico. Essas perguntas podem ajudá-lo a ir além dos fatos e saber o que as pessoas podem tendenciar sobre determinado assunto;

– As questões de Conhecimento exploram quais informações o entrevistado ou autor tem sobre um assunto. Elas avaliam o que a pessoa considera fato ou não.

            É muito difícil e incerto o futuro, jamais saberemos de todas as respostas. Mas se conseguirmos desenvolver e fazer as melhores perguntas, elas nos permitirão tomar as melhores decisões frente às incertezas.

Conscientização eficaz significa parar e manter a calma, fazer uma pausa estratégica e avaliar a situação. Observar de fora e com olhar crítico para o problema ou oportunidade é de suma importância, pois nos permite buscar a melhor forma de otimizar os resultados e minimizar os riscos que estamos dispostos a assumir.

            E aí, gostou deste post? Compartilhe conosco suas experiências e estratégias para superar os desafios e incertezas que estão presentes no seu dia a dia.

Redação por: Rodrigo Costa, Sócio da Mazzola Contabilidade, Graduação em Ciências Contábeis pela UNIP, e Pós-Graduação em Administração com MBA em Controladoria e Finanças pela FGV. Revisão por: Pedro Paulo Gomes Ribeiro, processo Administração de Pessoal da Mazzola Contabilidade. Bacharel em Linguística, com especialização em Português e Espanhol pela Universidade de São Paulo.

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